SOB A LUA DA PáSCOA





                                     Segunda-feira, 18 de Abril, 2011



SOB A LUA DA PáSCOA
 de Ann Spangler e Lois Tverberg


Nota: do blog de Lois Tverberg – Nosso Rabino Jesus: Sua vida Judaica
e Ensinamento.

Isto é uma citação do livro “Sentando aos Pés do Rabino Jesus: Como o
Judaismo de Jesus Pode Transformar Sua Fé”. Usado com permissão. Nós
acreditamos que este livro é digno de seu tempo e atenção!

A lua cheia da Páscoa olhava para Jesus. Sua luz passando através das
folhas que balançavam da oliveira, seus galhos tremendo com a brisa
do início de abril. Apesar do frio da noite, o suor brilhava na sua
testa. Ainda orando, ele se levantou e olhou através da escuridão,
ouvindo um murmurar distante de vozes. Um dos seus discípulos (um
talmidim), Judas, se aproximava. Seguia-o um grupo de soldados,
subindo o monte.

Sob uma árvore próxima, Pedro, Tiago e João estavam deitados no chão.
Duas vezes Jesus lhes implorou para que ficassem acordados, para que
vigiassem com ele, na noite mais difícil de sua vida. Mesmo assim,
ali estavam eles, cobertos por seus mantos grossos , bocas
entreabertas, e roncando suavemente, desapercebidos da ameaça que se
aproximava…

Então foram para um lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse aos seus
discípulos: “Sentem-se aqui enquanto vou orar”.

Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a ficar aflito e
angustiado.

E lhes disse: “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza
mortal. Fiquem aqui e vigiem”. Indo um pouco mais adiante,
prostrou-se e orava para que, se possível, fosse afastada dele aquela
hora. E dizia: “Aba, Pai, tudo te é possível. Afasta de mim este
cálice; contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres”.
Então, voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo. “Simão”,
disse ele a Pedro, “você está dormindo? Não pôde vigiar nem por uma
hora? Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está
pronto, mas a carne é fraca.”

Mais uma vez ele se afastou e orou, repetindo as mesmas palavras.
Quando voltou, de novo os encontrou dormindo, porque seus olhos
estavam pesados. Eles não sabiam o que lhe dizer. Voltando pela
terceira vez, ele lhes disse: “Vocês ainda dormem e descansam? Basta!
Chegou a hora! Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos
dos pecadores. Marcos 14:32-40 (NVI)

Sempre que eu lembro desta cena do Getsêmani, é inevitável que eu
pense nos discípulos narcolépticos de Jesus. Como eles conseguiram
dormir quando seu Rabino amado lhes implorou que permanecessem
acordados e vigilantes? Como eles conseguiram cair no sono quando a
história da salvação estava para atingir o seu clímax? Eu não
consegui imaginar uma resposta satisfatória, e esta era apenas umas
das várias perguntas que enchiam minha cabeça sempre que eu pensava
naquela semana fatal.

Eu lembrei de cultos de Domingo de Ramos que eu presenciei antes, no
qual apenas alguns minutos depois das crianças virem abanando
alegremente ramos de palmeiras para celebrar a entrada triunfal de
Jesus em Jerusalém, o clima muda, tornando-se solene à medida em que
a narrativa da paixão é lida. Por que as multidões em Jerusalém
estavam tão volúveis, adorando Jesus numa semana e odiando-o na
próxima? E por que, eu tentei entender, Jesus escolheu um seder (uma
liturgia bíblica) de Páscoa para celebrar a última refeição da sua
vida?

Avance dois mil anos, para o salão de reunião da minha igreja, na
tarde de Quinta-feira antes da Páscoa, conhecida como Quinta da
paixão. Nós estamos fazendo preparativos para um seder de Páscoa.
Como amadores gentios, estamos fazendo o melhor que podemos para
recriar a Última Ceia, dando-nos uma chance de meditar no seu
significado. Exatidão histórica perfeita não é o alvo. Nosso alvo é
reviver um pouco da última noite de Jesus com seus discípulos, a fim
de apreciarmos melhor o culto da Quinta da paixão.

Por toda a tarde a cozinha fervilha com barulho de panelas e
conversas, enquanto corremos cumprindo nossas responsabilidades,
picando salsa, cozinhando ovos e servindo molho tártaro nos pratos.
Quando finalmente nos sentamos, eu estou faminta. O relógio se
arrasta enquanto eu aguento a longa liturgia do Seder (sequência de
textos bíblicos), só com uma mordida de salsa molhada em água com
sal, e matzah (pão sem fermento) bem duro, com molho tártaro para
degustar. Quando finalmente chegamos à nossa simples refeição de
cozido de carneiro, eu devoro meu humilde banquete! Depois,
apressadamente ajudo na limpeza e entro no culto que já começou,
sentando-me lá no fundo. A liturgia é triste e solene.

Os acontecimentos do dia começam a pesar sobre mim – os preparativos
incessantes, início da liturgia sentindo-me esfomeada, e depois
comilança para compensar. Eu sinto uma letargia esmagadora me tomar.
Na próxima hora, as luzes do santuário gradualmente diminuem para
escuridão total. Eu quase nem consigo enxergar através de pálpebras
semi-fechadas. À medida em que o culto prosegue, eu levo um susto.
Alguém chamou meu nome? Eu quase consigo ouvir a decepção na voz de
Jesus “Nem por uma hora você consegue vigiar comigo?”

Eu sempre pensei que as multidões tinham sido inimaginavelmente
volúveis.

Subitamente eu entedi porque foi tão difícil para os discípulos
ficarem acordados! E eles tinham uma desculpa ainda melhor que a
minha. A comemoração tradicional da Páscoa envolvia uma refeição
imensa e quatro copos de vinho, e eles começaram ao por do sol e
terminaram depois da meia noite. Além do mais, isso ocorreu depois de
vários dias de viagem e preparativos exaustivos. Com certeza todo
mundo em Jerusalém gostaria de ir direto para a cama após o banquete
tarde da noite. Conscientes deste constante problema, os rabinos
decidiram que uma pessoa que sonecasse levemente poderia ainda fazer
parte do jantar da Páscoa, mas qualquer pessoa que dormisse
profundamente não poderia.

Nossa tentativa amadora de reviver a Última Ceia deu-me oportunidade
de descobrir outras coisas sobre as últimas horas da vida de Jesus.
Por exemplo, eu entendi porque os líderes tinham combinado de prender
Jesus depois da refeição da Páscoa. Um homem tão popular não poderia
ser preso à luz do dia. Para evitar um tumulto, os chefes dos
sacerdotes tinham de proceder em segredo. Então eles deixaram Judas
levá-los a Jesus enquanto ele estava fora da cidade. Páscoa era a
escolha perfeita, porque toda família judaica estaria celebrando a
festa que começava ao por do sol.

A prisão e o julgamento de Jesus foram tranquilos, ocorrendo durante
a madrugada, quando a maioria das pessoas que o apoiavam estavam
dormindo. As negações de Pedro ocorreram quando o galo cantou, por
volta das quatro ou cinco da manhã. De acordo com o evangelho de
Marcos, a última fala de Jesus foi dita ao nascer do sol (Marcos
15:1). Temos que perguntar, que grupo de pessoas estava acordado ao
amanhecer num grande feriado judaico para gritar “Crucifica-o!”? A
maioria, sacerdotes corruptos e soldados romanos que queriam matar
Jesus.

Mas, tem mais. Jesus foi crucificado às nove da manhã – a hora do
primeiro culto do dia no Templo ! As autoridades sabiam que tinham
que terminar seu julgamento secreto antes que as multidões
reentrassem na cidade. E de fato, enquanto Jesus carregava sua cruz
para fora da cidade, as pessoas que o apoiavam reaprarecem, chorando
alto ao verem-no ser levado para sua morte (Lucas 23:27). Seus
seguidores acabavam de tomar conhecimento do que havia sucedido
durante a noite.

Antes da nossa celebração da Páscoa na minha igreja, eu sempre
julgara as multidões inimaginavelmente volúveis, vibrando com Jesus
num dia e gritando por sua cabeça no outro. Mas os que apoiaram Jesus
nunca mudaram de idéia! Como poderiam, se nem estavam presentes na
sua prisão e julgamento? A conspiração inteira foi executada depois
da comemoração da Páscoa, enquanto a maioria das pessoas dormia
profundamente.
 Vida com Cristo iluminaalma.

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