O GOSTO AMARGO DA VINGANÇA



de Mas Lucado

Estraido do livro dias melhores virão 
Justiça ou vingança? É a justiça que exige que aqueles que fazem o mal contra nossa sociedade devam ser punidos por esta mesma sociedade. Mas justiça é muito diferente de vingança. Vingança é uma questão de coração. A vingança diz: “Espere. Vou pegar você!”
Quando somos magoados ou ofendidos, não demora muito para que nos vejamos querendo acertar as contas com aqueles que estão em divida conosco.
Não há alguém que lhe deva algo? Uma desculpa? Uma segunda chance? Um novo começo? Uma explicação? Um agradecimento? Uma infância? Um casamento? Pare e pense nisso (o que não o incentivo a fazer por muito tempo), e você poderá fazer uma lista de muita gente que está em divida para com você. Seus pais deveriam ter sido mais protetores. Seus filhos deveriam ter sido mais gratos. Seu cônjuge deveria ser mais sensível. Seu Pastor deveria ter sido mais atencioso.
O que você vai fazer com os que estão em divida com você? As pessoas de seu passado meteram as mãos no seu bolso e levaram o que era seu. O que você vai fazer? Poucas perguntas são mais importantes; lidar com a divida é algo que está na essência de sua felicidade.
Jesus disse: “Pois se perdoarem as ofensas um dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas” (Mateus 6.14,15).
Jesus não questiona a realidade de suas feridas. Ele não duvida que tenham pecado contra você. A questão não é a existência da dor; a questão é o tratamento da dor. O que você vai fazer com suas dividas?
O escritor Dale Carnegie fala sobre uma visita ao Yellowstone Park em que viu um urso pardo. O grande animal estava no centro de uma clareira, alimentando-se de coisas que eram deixadas no campo. Por vários minutos, ele se regalou sozinho; nenhuma criatura ousava se aproximar. Alguns minutos depois, um gambá atravessou a campina em direção a comida e se acomodou ao seu lado. O urso não protestou, e Carnegie soube por que. “O urso pardo”, disse ele, “sabia como era alto o preço de se vingar”. 1
Seriamos inteligentes se aprendêssemos a fazer o mesmo. Ajustar contas é algo que custa caro.
Para começar, você paga um preço que envolve seu relacionamento com outras pessoas.
Você já percebeu nos filmes de faroeste como o caça-recompensas viaja sozinho? Não é difícil entender por que isso acontece. Quem quer andar com um sujeito que ajusta contas para ganhar a vida? Quem quer se arriscar a tê-lo como inimigo? Mais de uma vez, ouvi um homem despejar a sua raiva. Ele achava que eu estava ouvindo, quando, na verdade, eu estava pensando: Espero nunca fazer parte de sua lista. Que tipos briguentos esses caça-recompensas! Melhor deixá-los sozinhos. Ande com gente irritada e você poderá ser atingido por uma bala perdida. Acertar dívidas é uma ocupação solitária. É também uma ocupação prejudicial à saúde.
Você paga um preço alto fisicamente.
A Bíblia coloca ainda mais claramente esta questão: “O ressentimento mata o insensato” (Jó 5.2). Isso me faz lembrar de uma velha conversa de Amos e Andy. Amos pergunta o que é aquela garrafinha que Andy está usando em volta do pescoço.
- Nitroglicerina – ele responde.
Espantado por ver que Andy estava usando um colar de nitroglicerina, Amos pede uma explicação. Andy fala sobre um colega que tinha o péssimo hábito de bater no peito das pessoas enquanto estava falando.
- Isso me deixa louco – diz Andy. – Estou usando essa nitroglicerina porque, da próxima vez em que ele me bater, vou explodir seu dedo.
Andy não é o primeiro a se esquecer que, ao tentar se vingar, você se machuca. Jó estava certo quando disse: “Você, que se dilacera de ira!” (Jó 18.4). Você já percebeu que descrevemos as pessoas que nos aborrecem como pessoas que “enchem a paciência”? A que paciência estamos nos referindo? Com certeza, não a delas. Somos nós que sofremos.
Se estiver interessado em ajustar contas, você nunca descansará. Como isso se dá? Para começar, seu inimigo talvez nunca chegue a pagar o que deve. Por mais que você pense que mereça uma desculpa, pode ser que quem lhe deve desculpa não concorde com tal avaliação. O racista talvez nunca se arrependa. O chauvinista talvez nunca mude. Por mais que tenha argumentos em sua busca por vingança, talvez essa justiça nunca lhe dê nada. E, se você ganhar algo, isso lhe bastará?
Pensemos, de fato, nisso. Até onde a justiça é suficiente? Imagine seu inimigo por um instante. Imagine-o amarrado a uma coluna para ser chicoteado. O homem de braços fortes que está com o chicote se vira para você e pergunta: “Quantas chicotadas?” E você dá um numero. O chicote bate, o sangue se espalha e o castigo é infligido. Seu inimigo cai ao chão e você vai embora.
Você está feliz agora? Sente-se melhor? Está em paz? Talvez por um tempo sim; mas logo outra lembrança virá à tona e outra chicotada será necessária. Quando tudo isso termina?
Isso para quando você leva a serio as palavras de Jesus: “Pois se perdoarem as ofensas um dos outros, o Pai celestial também lhes perdoará. Mas se não perdoarem uns aos outros, o Pai celestial não lhes perdoará as ofensas” (Mateus 6.14,15).
“Trata-me como trato o meu próximo.” Você está ciente de que é isso que está dizendo para o seu Pai? “Dá-me o que dou a ele. Concede-me a mesma paz que concedo aos outros. Deixa-me desfrutar da mesma tolerância que ofereço.” Deus irá tratá-lo como você trata os outros.
Você gostaria de ter paz? Então, pare de infernizar o seu próximo. Quer desfrutar da generosidade de Deus? Então deixe que os outros desfrutem da sua. Gostaria de ter convicção de que Deus o perdoa? Acho que você sabe o que precisa fazer.

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